O sistema Caatinga-Buffel-Leucena (CBL), de produção
animal no semiárido, foi desenvolvido por pesquisadores do Centro de Pesquisa
Agropecuária do Trópico Semi-Árido (CPATSA), da Embrapa, com apoio técnico do
ORSTOM (Institut François de Recherche Scientifique pour le Development en
Coopération).
Pelo seu potencial e
versatilidade, o sistema pode ser empregado para bovinos, caprinos ou ovinos, ou
em sistemas associativos com essas espécies. Em sua concepção básica, o sistema
CBL apresenta cinco características fundamentais:
• utiliza a caatinga como um de seus componentes,
por dois a quatro meses do ano;
• utiliza pastos tolerantes à seca, em sistema
rotacional, para complementar a alimentação volumosa do rebanho no restante do
ano;
• utiliza feno e silagem produzidos a partir de
bancos de proteína/energia para suplementar a alimentação dos animais nos
períodos mais críticos;
• mantém uma reserva estratégia de espécies
forrageiras de alta tolerância às secas mais severas para assegurar, nestes
períodos, um nível satisfatório de produtividade do rebanho;
• funciona como um subsistema capaz de se adequar e
interagir com os demais componentes da unidade produtiva, dentro da diversidade
agroecológica e socioeconômica observada no semi-árido.
A caatinga é pastejada por
dois a quatro meses do ano, em função do nível de pluviosidade ocorrido, período
em que a mesma oferece o máximo em termos de quantidade e qualidade de forragem.
Nos trabalhos
desenvolvidos até agora, pela Embrapa, o capim buffel (Cenchrus ciliaris, L.)
foi a gramínea que melhor se adequou como pasto tolerante à seca, sendo
pastejado diretamente, em sistema rotacional, nos oito a dez meses em que a
caatinga pouco ou nada tem a oferecer.
A espécie que melhor tem
se comportado como banco de proteína tem sido a leucena (Leucaena leucocephala
(Lam.) de Wit), a qual é cortada e transformada em feno ou silagem na primeira metade
do período verde, para uso no período seco e, posteriormente, com a rebrota,
pastejada diretamente (uma hora por dia).
A palma forrageira
(Opuntia ficus-indica Mill) e a maniçoba (Manihot pseudoglaziovii Pax &
Hoffman) são plantas resistentes a qualquer tipo de seca, utilizadas pelo
sistema em cultivo consorciado, como área de reserva estratégica para assegurar
uma produtividade satisfatória nos anos de seca mais intensa, quando a produção
da leucena é fortemente afetada.
O sistema incorpora uma
série de práticas de manejo capazes de, aproveitando o forte poder de reabilitação
natural da caatinga, reverter o seu processo de degradação, o qual já atinge,
com maior ou menor intensidade, quase 20 milhões de hectares. Entre estas
práticas, destacam-se: Taxa de lotação apropriada, pastejo estacional, pastejo
em áreas suplementares e suplementação alimentar no período crítico.